Em todo o mundo os
teóricos da educação concordam que a autonomia é um valor imprescindível para o
trabalho dos professores. Entretanto, os atuais modelos empresariais de gestão
em educação, tem interferido negativamente neste trabalho, restringindo não só
a atuação docente, como também toda a lógica político-pedagógica da educação.
Quando a lógica
privatista passa a medear e gerir o trabalho docente instaura-se uma relação
perversa que possui em uma de suas pontas, um cada vez mais empoderado
aluno-cliente; na outra, uma empresa cujo produto é a formação apenas de
sujeitos para atender ao mercado; e no meio, os professores, ceifados de sua
capacidade inventiva, de sua autonomia e de sua liberdade.
Restringir a educação a
esse caráter mercadológico é privá-la de sua essência. O que devem ser a
universidade e a escola senão espaços essencialmente políticos, questionadores
e críticos justamente dos saberes pasteurizados, recortados, prontos e
determinados arbitrariamente? Os trabalhadores em educação reiteram que mesmo a
escola e a universidade privadas, devem estar comprometidas em construir uma
sociedade realmente plural e democrática. Nas
instituições comunitárias e confessionais, outro dado: embora seus discursos
sejam ainda pautados por princípios éticos e agendas humanitárias, suas
práticas estão corroídas pela imoralidade do capital.
Convém ainda lembrar que
a educação é antes um direito de todos e um dever do Estado e sob nenhuma
condição deve ser gerida ou concebida sob a lógica do grande capital ou de uma
ideologia liberal e conservadora, avessa por sua vez, à agenda dos direitos
humanos, alheia à pauta dos movimentos sociais, das suas reivindicações, e suas
implicações na construção da cidadania.
Dentro deste contexto,
podemos afirmar que vivemos em um tempo onde lamentavelmente o valor do
conhecimento tem sido mensurado pelo seu valor no mercado. E a mais imediata
consequência disto é a interferência que os professores sofrem dos seus
gestores sobre seu trabalho, com o objetivo de atender aos desejos da lógica
clientelista. O ensino assim pensado e gerido sob a lógica mercantilizada,
acarreta uma perda gradativa e crescente de sua autonomia, de seu protagonismo
e de sua liberdade.