terça-feira, 27 de julho de 2021

Considerações a respeito do PCB e a participação de Edmilson Costa no Ópera Mundi | por Regis Marat

 Minhas respeitosas considerações a respeito do PCB.

O velho PCB é um partido que nasceu stalinista e vinculado a União Soviética. Sua principal linha teórica era o etapismo da Terceira Internacional que predominou até 1964. Mas durante a sua longa existência e em que pese seus equívocos, o velho PCB tinha aquilo que caracteriza um partido de esquerda de tipo leninista, ou seja, uma produção teórica de rigor e um programa econômico alternativo. Basta que citemos figuras como Caio Prado Júnior ou Nelson Werneck Sodré para citar dois exemplos de produção teórica distinta no interior do partidão. O PCB manteve até 64 a ilusão de completar economicamente o capital no Brasil se tornando caudatário da burguesia Brasileira, a famosa revolução burguesa.

A história mudou completamente com o fim da Ditadura e o PCB que renasceu desse processo ou que acordou da hibernação desses 21 anos de chumbo, não guarda nenhuma semelhança com o velho partidão.

Primeiro que é um partido, como a esquerda em geral, que perdeu a capacidade de produzir teoricamente e de elaborar programas econômicos; é um partido que nunca entendeu que o PT nunca foi de esquerda, quando muito um partido na esquerda do gradiente político do capital, daí o equívoco do Edmilson em dizer que o PT estava em disputa até 2005 ou que a partir daquele momento o partido passou a uma conciliação de Classe com a burguesia. O PT nunca esteve em disputa, sempre foi comandado pela Articulação e nunca houve se quer espaço para disputas internas, aliás, as tendências abrigadas dentro do partido sempre foram utilizadas apenas para dar um verniz socialista ao partido, mas sempre foram cadáveres que o PT foi descartando no meio do caminho. O PT sempre se propôs a uma aliança de classes desde o seu nascedouro, aliás, nasceu da derrota da classe trabalhadora nos idos de 1980.

Quando a classe trabalhadora apontou na direção de mudança na estrutura econômica responsável pela ditadura, pela miséria das massas e pelo arrocho salarial, a derrota levou ao nascimento do PT que imediatamente propôs a luta politicista a partir do parlamento ou da conquista da democracia. Portanto um partido da ordem e que sempre se propôs a lutar pelo aperfeiçoamento do Estado e da política. Aliás, nunca enganou ninguém, sempre fez aquilo que se propôs e a partir do horizonte para o qual nasceu. E foi a partir dos seus limites politicistas e distributivistas que deixou um legado incontestável de matar a fome de milhões de brasileiros.
O atual PCB ainda não conseguiu se livrar do entulho do Leste Europeu e insiste em tratar aquela experiência, assim como a China, como experiência socialista, só não consegue dizer como o edifício calapsou e faz do entulho um legado, quando deveria se lançar na tarefa, ainda necessária, de remoção dos escombros.

O Edmilson ainda fala do potencial de uma classe trabalhadora que nos moldes que ele coloca nem existe mais, afinal a atual classe trabalhadora encontra-se numericamente reduzida, historicamente desmoralizada e destituída da substancialidade que a caracterizava enquanto agente histórico.
O PCB é um dos últimos partidos comunistas que resta no mundo e seu legado precisa ser preservado. Mas penso que o tempos mudaram e conduziram as possibilidades da humanidade para outros parâmetros teóricos práticos e organizativos que todos nós estamos com muita dificuldade em desvendar. Não é à toa que o PCB mantém em seus quadros grandes figuras intelectuais da estatura de José Paulo Netto entre outros, mas que são apenas figuras decorativas, ou um YouTuber famoso como Jones Manoel, por quem tenho muito respeito, mas cujo ecletismo de ideias costuradas no campo do marxismo se assemelha muito mais com a força da gravidade com seus trovões e raios que caem em qualquer lugar e que mais provocam mais. incêndios do que geração de energia.

Mas parabéns ao PCB e sua nova fase, só falta agora se transformar em autêntico partido comunista dos novos tempos.

Regis Marat

Link para o vídeo

ENTREVISTANDO EDMILSON COSTA: O PARTIDÃO ESTÁ DE VOLTA?

https://www.youtube.com/watch?v=heIJoGRyLlw&t=599s