Com
base nos livros didáticos, a partir dos quais os estudantes constroem suas primeiras
noções de conhecimento histórico podemos perceber que não resta dúvida de que
os presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart morreram por ocasiões não
relacionadas. No entanto, a história oficial vem sendo reescrita, ou pelo menos
revista, na medida em que se levantam dúvidas a respeito das circunstâncias das
mortes dos dois ex-presidentes.
A
primeira delas se refere pontualmente à exumação do corpo do presidente João
Goulart para exames devido às suspeitas de que sua morte tenha se dado por
envenenamento e não por um enfarte em dezembro de 1976. A maneira como ocorreu
a morte de Jango, no mínimo põe em suspensão todo o cenário do evento. Toda
pessoa que morre no estrangeiro passa por uma autópsia ao ter seu corpo trazido
para o país e no corpo de Jango esta verificação não foi permitida nem na
Argentina nem no Brasil. Hoje se sabe que o nome do presidente João Goulart
constava de uma lista de lideranças políticas latino americana que deveriam ser
eliminados pela Operação Condor, coordenada por miliares dos países do Cone Sul.
O
historiador Moniz Bandeira é o porta voz da versão oficiosa de que a morte de
Jango tenha se dado naturalmente. Ele afirma que não se pode levantar suspeitas
graves com base em hipóteses ou elucubrações infundadas. No entanto, essas
hipóteses também devem ser investigadas e trazidas à tona para que se possa ter
pelo menos o direito ao contraditório.
A
outra dúvida a que me refiro é sobre as circunstâncias da morte de Juscelino. A
versão oficial sobre a morte aponta que ex-presidente e seu motorista, Geraldo
Ribeiro, morreram em agosto de 1976, em um acidente de trânsito na Rodovia
Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, quando o carro em que
estava JK colidiu com uma carreta após ter sido fechado por um ônibus. Até
então tida como versão oficial é posta de quarentena pela Comissão Municipal da
Verdade de São Paulo que declarou no último dia 09 que o ex-presidente da República
Juscelino Kubitschek foi assassinado durante a ditadura militar entre os anos
de 1964 e 1985.
Segundo
a ministra da secretaria dos Direitos Humanos Maria do Rosário, o que ocorreu
com os ex-presidentes diz respeito ao que ocorreu conosco como nação. Revisitar
estas páginas de nossa história recente é uma pauta da qual não podemos
prescindir. É imperioso que revolvamos a poeira do tempo e que tenhamos a
iniciativa de superar ranços ideológicos históricos. Só assim vislumbramos
possibilidades de realizar nossa cidadania plena, crítica e participativa.
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