domingo, 13 de setembro de 2015

Não foi só o Jango




Com base nos livros didáticos, a partir dos quais os estudantes constroem suas primeiras noções de conhecimento histórico podemos perceber que não resta dúvida de que os presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart morreram por ocasiões não relacionadas. No entanto, a história oficial vem sendo reescrita, ou pelo menos revista, na medida em que se levantam dúvidas a respeito das circunstâncias das mortes dos dois ex-presidentes.
A primeira delas se refere pontualmente à exumação do corpo do presidente João Goulart para exames devido às suspeitas de que sua morte tenha se dado por envenenamento e não por um enfarte em dezembro de 1976. A maneira como ocorreu a morte de Jango, no mínimo põe em suspensão todo o cenário do evento. Toda pessoa que morre no estrangeiro passa por uma autópsia ao ter seu corpo trazido para o país e no corpo de Jango esta verificação não foi permitida nem na Argentina nem no Brasil. Hoje se sabe que o nome do presidente João Goulart constava de uma lista de lideranças políticas latino americana que deveriam ser eliminados pela Operação Condor, coordenada por miliares dos países do Cone Sul.
O historiador Moniz Bandeira é o porta voz da versão oficiosa de que a morte de Jango tenha se dado naturalmente. Ele afirma que não se pode levantar suspeitas graves com base em hipóteses ou elucubrações infundadas. No entanto, essas hipóteses também devem ser investigadas e trazidas à tona para que se possa ter pelo menos o direito ao contraditório.
A outra dúvida a que me refiro é sobre as circunstâncias da morte de Juscelino. A versão oficial sobre a morte aponta que ex-presidente e seu motorista, Geraldo Ribeiro, morreram em agosto de 1976, em um acidente de trânsito na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, quando o carro em que estava JK colidiu com uma carreta após ter sido fechado por um ônibus. Até então tida como versão oficial é posta de quarentena pela Comissão Municipal da Verdade de São Paulo que declarou no último dia 09 que o ex-presidente da República Juscelino Kubitschek foi assassinado durante a ditadura militar entre os anos de 1964 e 1985.
Segundo a ministra da secretaria dos Direitos Humanos Maria do Rosário, o que ocorreu com os ex-presidentes diz respeito ao que ocorreu conosco como nação. Revisitar estas páginas de nossa história recente é uma pauta da qual não podemos prescindir. É imperioso que revolvamos a poeira do tempo e que tenhamos a iniciativa de superar ranços ideológicos históricos. Só assim vislumbramos possibilidades de realizar nossa cidadania plena, crítica e participativa.

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