quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Insatisfação e insegurança.




Dois sentimentos podem ser percebidos quando observamos os movimentos da população brasileira ao ocupar as ruas em forma de manifestação. A insatisfação e a desesperança. A insatisfação é você mostrar-se descontente com o estado de coisas disposto pelo cenário político, e a desesperança é a sensação de que pouco há para ser modificado no sentido de subverter a atual situação.
Quando em 2013 boa parte da população brasileira tomou as ruas, era concreto e visível que o mote das manifestações públicas se dava em tom de insatisfação. As pessoas protestavam incisivamente, e convém acrescentar que de forma temerária, evitando bandeiras ideológicas ou partidárias, contudo mostravam-se não satisfeitas com os governos, as políticas públicas e a própria situação econômica do país.
Já nesses meados de 2015, os protestos não parecem ter o mesmo vigor nem numericamente e tampouco no que se refere à sua intensidade. Fica claro, portanto, que a sensação motivadora migrou da insatisfação para a desesperança. A população parece ter perdido a vontade de ocupar o espaço público justamente pelo sentimento de impotência e de incapacidade diante de um cenário político e econômico tão dramático e nebuloso.
Para muitos, o declínio numérico e do vigor dos protestos pode ser o sinal de sua perda de intensidade e portanto da sua virtual desimportância. No entanto, uma outra leitura pode sinalizar justamente o oposto: não ter esperança é algo mais cruel, grave e significativo do ponto de vista humano e político. A desesperança, embora não possua a mesma visibilidade concreta que a insatisfação, é um sinal de que devemos olhar até mesmo com maior preocupação para o atual cenário brasileiro de protestos e manifestações.

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