Dois sentimentos podem ser percebidos quando
observamos os movimentos da população brasileira ao ocupar as ruas em forma de
manifestação. A insatisfação e a desesperança. A insatisfação é você mostrar-se
descontente com o estado de coisas disposto pelo cenário político, e a
desesperança é a sensação de que pouco há para ser modificado no sentido de
subverter a atual situação.
Quando em 2013 boa parte da população brasileira
tomou as ruas, era concreto e visível que o mote das manifestações públicas se
dava em tom de insatisfação. As pessoas protestavam incisivamente, e convém
acrescentar que de forma temerária, evitando bandeiras ideológicas ou
partidárias, contudo mostravam-se não satisfeitas com os governos, as políticas
públicas e a própria situação econômica do país.
Já nesses meados de 2015, os protestos não parecem
ter o mesmo vigor nem numericamente e tampouco no que se refere à sua
intensidade. Fica claro, portanto, que a sensação motivadora migrou da
insatisfação para a desesperança. A população parece ter perdido a vontade de
ocupar o espaço público justamente pelo sentimento de impotência e de
incapacidade diante de um cenário político e econômico tão dramático e
nebuloso.
Para muitos, o declínio numérico e do vigor dos
protestos pode ser o sinal de sua perda de intensidade e portanto da sua
virtual desimportância. No entanto, uma outra leitura pode sinalizar justamente
o oposto: não ter esperança é algo mais cruel, grave e significativo do ponto
de vista humano e político. A desesperança, embora não possua a mesma
visibilidade concreta que a insatisfação, é um sinal de que devemos olhar até
mesmo com maior preocupação para o atual cenário brasileiro de protestos e
manifestações.
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