Na semana
passada a apresentadora do “tempo” da Rede Globo de Televisão, Maria Júlia
Coutinho, sofreu uma série de ataques racistas por meio de redes sociais. Esse
tipo de manifestação é mais frequente do que percebemos em nosso dia a dia e
decorre basicamente de dois movimentos: a impunidade e o racismo institucional.
Maju
Coutinho, como é conhecida entre os colegas, dá evidência a manifestações
perversas de ódio, ignorância e que recrudescem obscurecidas pelo anonimato e
principalmente pela impunidade. Esta última, grassa por amplos setores da nossa
sociedade, mas ganha contornos sem precedentes frente à aparente liberdade de
expressão proporcionada pelas redes sociais. No caso dos ataques à jornalista,
quase todos os criminosos podem ser identificados, e consequentemente punidos. Basta
vontade política e empenho das autoridades responsáveis.
O segundo
movimento, o racismo institucional, é uma espécie de racismo que não se
manifesta de forma tão aberta ou evidente quanto os achaques públicos. Ele se
manifesta de forma velada e oculta, por entre o poros da sociedade, pelos
interstícios das instituições sociais. Como não é percebido de forma escancarada
ou direta, muitas vezes não é percebido, ou mesmo negado por que o pratica. Um
caso concreto disso, é considerar crimes de racismo, como injúria racial, cuja
pena pe mais branda e requer prisão em flagrante. Quando um agente público
enquadra um criminoso racista por prática de injúria, está cometendo ele
próprio um ato racista. Como se trata de um agente público, configura-se
racismo institucional. Atos como este, reverberam entre os mais variados setores
da vida social: a saúde, a segurança, a educação, e a própria política.
Para que avancemos
como cidadãos e acima de tudo como seres humanos, é preciso não naturalizar e
tampouco diminuir a importância de atos como esse. Por trás deles podemos
denotar toda uma série de noções e percepções de mundo herdadas de uma
sociedade escravocrata, elitista, excludente e profundamente preconceituosa
como ainda é hoje a sociedade brasileira. Só seremos realmente civilizados e
cidadãos quando essas manifestações forem banidas e formalmente punidas com a
devida relevância que merecem.
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