segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Racismo e impunidade




Na semana passada a apresentadora do “tempo” da Rede Globo de Televisão, Maria Júlia Coutinho, sofreu uma série de ataques racistas por meio de redes sociais. Esse tipo de manifestação é mais frequente do que percebemos em nosso dia a dia e decorre basicamente de dois movimentos: a impunidade e o racismo institucional.
Maju Coutinho, como é conhecida entre os colegas, dá evidência a manifestações perversas de ódio, ignorância e que recrudescem obscurecidas pelo anonimato e principalmente pela impunidade. Esta última, grassa por amplos setores da nossa sociedade, mas ganha contornos sem precedentes frente à aparente liberdade de expressão proporcionada pelas redes sociais. No caso dos ataques à jornalista, quase todos os criminosos podem ser identificados, e consequentemente punidos. Basta vontade política e empenho das autoridades responsáveis.
O segundo movimento, o racismo institucional, é uma espécie de racismo que não se manifesta de forma tão aberta ou evidente quanto os achaques públicos. Ele se manifesta de forma velada e oculta, por entre o poros da sociedade, pelos interstícios das instituições sociais. Como não é percebido de forma escancarada ou direta, muitas vezes não é percebido, ou mesmo negado por que o pratica. Um caso concreto disso, é considerar crimes de racismo, como injúria racial, cuja pena pe mais branda e requer prisão em flagrante. Quando um agente público enquadra um criminoso racista por prática de injúria, está cometendo ele próprio um ato racista. Como se trata de um agente público, configura-se racismo institucional. Atos como este, reverberam entre os mais variados setores da vida social: a saúde, a segurança, a educação, e a própria política.
Para que avancemos como cidadãos e acima de tudo como seres humanos, é preciso não naturalizar e tampouco diminuir a importância de atos como esse. Por trás deles podemos denotar toda uma série de noções e percepções de mundo herdadas de uma sociedade escravocrata, elitista, excludente e profundamente preconceituosa como ainda é hoje a sociedade brasileira. Só seremos realmente civilizados e cidadãos quando essas manifestações forem banidas e formalmente punidas com a devida relevância que merecem.

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