domingo, 25 de outubro de 2009

Mauss e Nietzsche


"Na baixa Iadade Média, onde de fato a Igreja era antes de tudo um amestramento, caçavam-se por toda parte os mais belos exemplares de 'bestas loiras'. 'Melhoravam-se', por exemplo, os nobres alemães. Mas com o que parecia em seguida um tal alemão 'melhorado', seduzido para o interior do claustro? Com uma caricatura do homem, com um aborto. Ele tinha se tornado um 'pecador', ele estava em uma jaula, tinham-no encarcerado entre puros conceitos apavorantes... Aí jazia ele, doente, miserável, malévolo para consigo mesmo; cheio de ódio contra os impulsos da vida, cheio de suspeita contra tudo que ainda era forte e venturoso. Resumindo, um 'cristão'..."

NIETZSCHE, Friederich Wilhelm. Crepúsculo do ídolos. Rio de Janeiro: Relume/Dumará, 2000. p. 52.
Os impulsos da vida. É contra eles que lutamos desde que nascemos. Somos amestrados desde muito tenros a sublimá-los. A dominá-los. Vivemos sob uma gramática que enquadra corações e mentes. Educa nosso corpo (Foucault, 1977) e nossos sentimentos a viver sob a égide do medo.

"Mas todas as expressões coletivas, simultâneas, de valor moral e de força obrigatória dos sentimentos do indivíduo e do grupo, são mais que meras manifestações, são sinais de expressões entendidas, quer dizer, são linguagem. os gritos são como frases e palavras. É preciso emití-los, mas é preciso só porque todo o grupo os entende. É mais que uma manifestação dos próprios sentimentos, é um modo de manifestá-los aos outros, pois assim é preciso fazer. Manifesta-se a si, exprimindo aos outros, por conta dos outros. É ssencialmente uma ação simbólica." MAUSS, Marcel. Antropologia. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Ática 1979, p.153.

É imperioso compreender quem somos, tudo aquilo que nos parece familiar e conhecido, na verdade, nada mais é do que pura "expressão obrigatória de sentimentos" MAUSS, 1979.

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