segunda-feira, 9 de agosto de 2010

OUTSIDERS


Perto do extremo sul, do hemisfério austral, há uma sociedade de comportamentos bem peculiares. É possível que alguns de nós a conheçam, porém outros não saberão de quem se trata. Mas o certo é que vale a pena descrevê-la, pelo menos alguns de seus hábitos, para que possamos pensar nas semelhanças e diferenças, aproximações e distanciamentos com o mundo em que vivemos.

Esta sociedade a que me refiro, possui o conceito de calendário cíclico, e um determinado dia, em um ciclo de sete nascer-e-pôr do sol, eles reservam para reverenciar a sua divindade sagrada. Nesse dia, convencionaram que a maioria das pessoas não trabalha fora do seu ambiente doméstico. O próprio nome desse dia remete ao nome da divindade sagrada: na etimologia da palavra que dá nome ao dia destinado à reverência totêmica, está a palavra Sol. Dia do Sol.

Esta sociedade é muito, muito religiosa, e a liturgia de reverência, no dia destinado ao culto ao “deus do sol”, é repleta de significados. Eu mesmo, em um exercício etnográfico, já presenciei a cerimônia. No referido dia destinado ao culto de reverência ao deus-do-sol, as famílias inteiras rumam para o culto litúrgico e lá assistem à cerimônia. Cantam em pé, rezam genuflexas, e depois de realizar a oitiva sentadas, de uma narrativa sagrada, ao final da referida liturgia, simbolicamente bebem o sangue e devoram o corpo de seu deus, o “deus sol”. Um dos símbolos mais adorados por eles é uma re-apropriação sagrada de um instrumento de tortura que remonta a Antigüidade.

Depois do culto as famílias rumam para seus domicílios, onde em cerimônias que misturam rituais sagrados e profanos, reúnem-se em volta de fogueiras para consumir, de diferentes formas, cadáveres de diversas espécies de animais cozidos. Uma especiaria muito peculiar entre eles é uma pequena víscera cardíaca de uma ave doméstica, degustada em pequenas porções. Outra especiaria bastante popular é uma espécie de alimento – que mistura gordura, carnes de diversos animais e condimentos – embutido em condutos do trato final do sistema digestivo, desses próprios animais. Para acompanhar o alimento sólido, bebem infusões de diferentes variedades. Algumas, misturam ervas com água aquecida, outras, misturam alucinógenos preparados a partir de vegetais misturados, destilados ou fermentados.

Mais alguém aí conhece essa sociedade?



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