quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Sociedade do veneno

Daqui a alguns tempos, quando as próximas gerações buscarem uma expressão para nos caracterizar, entre as tantas denominações possíveis, possivelmente nos chamarão de sociedade do veneno! Somos a sociedade que mais ingere substâncias venenosas, pela via da alimentação, na história da humanidade. Mas o que torna isso possível? A transformação genética dos alimentos.
Há alguns anos ouvi uma história que narrava sobre o gosto dos japoneses pelo tomate. Eles apreciam tomates túrgidos, suculentos, enrubescidos e sem manchas. Entretanto, devido ao frio que chegava intempestivamente às lavouras tomateiras japonesas, seus produtos pereciam. Como eles resolveram isso? Transpondo para o tomate um gene do bacalhau que tornava sua pele resistente ao congelamento. Assim, os tomates japoneses, mesmo expostos ao frio extremo, ao gelo, permaneciam perfeitos. Essa fábula é uma explicação lúdica e muito ilustrativa da transgenia.
Na agricultura a explicação não é tão cândida assim. Um produto é modificado geneticamente para resistir única e exclusivamente a um determinado agente químico. Por outros termos, modifica-se geneticamente um alimento para que apenas ele, e nenhum outro, resista à ação do veneno agrícola. Por isso em uma lavoura de milho, arroz, soja, trigo nada, além da semente transgênica, sobrevive; nenhuma gramínea, nenhuma minhoca, nenhuma formiga, nada! É a morte completa da microflora e da microfauna, do solo e da vida. É um deserto verde, apenas sobrevivem os grãos resistentes geneticamente ao veneno.
Aquilo que os defensores dessas substâncias chamam de agroquímicos, defensivos agrícolas, chamamos de veneno mesmo. Cada brasileiro consome mais de 5 litros de agrotóxicos, herbicidas, pesticidas ao ano. O lobby do agronegócio, sobre a produção de agroquímicos, fármacos e sementes geneticamente modificadas tem força suficiente para manter esse ciclo intocável. Sua bancada no Congresso soma às dezenas, enquanto que os representantes da agricultura familiar, orgânica, se resumem às unidades. Enquanto se mantiver essa lógica perversa, continuaremos sendo a sociedade que mais consome veneno no mundo. Nesse contexto, não nos restará outra nomenclatura, a não ser a de sociedade do veneno, é só se servir, ele está à mesa!

Publicado no dia 25 de julho de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/sociedade-do-veneno-1.2083522

Sociedade do medo

Em 1986 os brasileiros elegeram um conjunto de parlamentares para redigir e promulgar um novo Texto Constitucional. Essa tarefa foi cumprida! Nos dias de hoje voltar a ele pode nos ajudar a compreender não só o que pensávamos àquela época, como explicar porque vivemos tempos tão assustadores.
No final dos anos 1980 a sociedade brasileira saía de uma ditadura empresarial-militar que havia durado mais de duas décadas. Nesse tempo, que não foi homogêneo, ocorreram toda uma série de restrições de liberdades civis e políticas. O governo dos militares orientados pelos interesses da elite econômica, subserviente ao capital internacional, se conduziu à revelia de qualquer princípio de direitos fundamentais, mesmo aqueles referentes à cidadania burguesa.
Não se tinha, na maior parte do tempo, direito a voto, organização sindical ou partidária, era verdadeiramente um regime de exceção. Prendia-se, torturava-se, por um tempo houve restrição até mesmo de habeas corpus, pessoas desapareciam injustificadamente, apareciam mortas em situações suspeitas, impedindo-se qualquer tipo de contestação de laudos. Pois foi a sociedade desse contexto histórico que escolheu aquela Assembleia Constituinte. Aterrorizada pelo medo, esta Assembleia fez brotar um Texto que refletia seus temores. Seus valores mais evidentes são os direitos e as liberdades.
Com o tempo cresceram a cidadania e a democracia e aquele Texto Constitucional começou-nos a parecer libertário demais. Na aparência protege criminosos, privilegia contraventores e promove a impunidade. Em essência, a constituição cidadã promulgada em 1988 assegura uma série de garantias sociais fundamentais para a vida em sociedade. São a segurança de cada um e de todos, como também das instituições de que parâmetros legais possuem limites bem claros e definidos.
É por isso que hoje cada ataque a ela evidencia o quanto estamos voltando à exceção. Reformas espúrias, julgamentos midiáticos, condenações arbitrárias são duros golpes à cidadania. Vivíamos em uma sociedade do medo e esse medo, como vimos e como tornamos a ver agora, ainda se justifica.

Publicado no dia 18 de abril de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/sociedade-do-medo-1.2062627

Democracia, guerra e voto

O historiador Fernando Braudel dizia que não é observando as espumas da superfície que se conhece a potência do rio caudaloso que às produz de forma tão espetacular. Essa é uma metáfora que o autor usa para demonstrar que não é tomando os acontecimentos pela sua aparência superficial que podemos compreender as forças ocultas que os promovem, suas reais e essenciais determinações e razões de ser.

Observados à sua superficialidade, os eventos políticos no Brasil desde os últimos anos nos aparecem como um conjunto de eventos fortuitos e espontâneos, ocasionais e necessários a uma depuração moral da sociedade, que combinados fortalecem o poder democrático desta sociedade, dando estabilidade social e econômica às suas instituições e garantindo uma aparente normalidade ao seu funcionamento.

Apenas aparência! Em realidade o conjunto de circunstâncias em que estamos imersos é o que o jornalista brasileiro Pepe Escobar chama da guerra híbrida. Nela, não há tiros, tanques ou soldados propriamente ditos. É um tipo de guerra não convencional que golpeia lentamente e a longo prazo; suave, não dura, não militar, sem intervenções expressas e com manipulação significativa dos meios de comunicação de massa, controle político, financeiro e intimamente alinhada com o sistema judiciário do país. Sofisticada mesmo. Algo sutil, porém muito eficiente!
Nesta sociedade em guerra, em vez da farda, a toga como timão de um amplo processo pensado de fora para dentro, que nos aparece, inversamente, com ares de normalidade. Caso o resultado das eleições seja diferente daquele que os timoneiros esperam não hesitarão em impor outra vez sua agenda com apoio da mídia hegemônica, com Supremo, com tudo!

Vivemos tempos sombrios e obscuros, incertos e temerários, esperando que nossos votos borbulhantes que formam muita espuma, tenham a força de agir sobre a caudalosa e convulsa realidade brasileira. Neste cenário de guerra, o voto é apenas um estilingue diante do poder bélico gigantesco, discreto e devastador da cidadania que parecemos ter nesta aparente democracia brasileira.

Publicado no dia 03 de outubro de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/democracia-guerra-e-voto-1.2098856

Ele soa como nós


No último domingo elegemos pelo voto direto, aquele que será o governante máximo da nação. Este governante, de acordo com a democracia representativa, é quem tem a função de expressar e dar voz à sociedade que o elegeu. Assim, ele sintetiza e condensa tudo que somos ou pensamos ser, nossas formas de agir, pensar e sentir, como indivíduos ou como sociedade. No limite, deve soar como um de nós!
Somos racistas, como podemos verificar no Atlas da Violência 2017. A população negra corresponde à maioria dos indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios. No mesmo sentido, as pessoas negras são a maioria no sistema carcerário do país. Somos misóginos e a prova disso é que foi preciso criar leis de proteção específica às mulheres; a exemplo da Lei Maria da Penha, de 2006, que criminalizou a violência doméstica e a Lei 13.104/2015, que mostrou ser necessário tratar o feminicídio crime hediondo. Somos também homofóbicos, como mostram os dados do Grupo Gay da Bahia. Um ou uma LGBTs é morto ou morta a cada 19 horas no Brasil. É uma chacina diária pela peculiar condição de sua sexualidade não convencional.
Nosso trânsito é a expressão do quanto somos violentos, corruptos e agimos de forma persistente e contumaz ao arrepio da lei. Somos o quinto país em mortes no trânsito no mundo. Só no último ano foi perto de 50 mil mortes, 130 vidas por dia, equivale à queda de um Boeing por dia. Segundo a PRF as principais causas das mortes no último ano são falta de atenção, velocidade incompatível, ingestão de álcool, desobediência à sinalização, ultrapassagens indevidas. Ou seja, não respeitamos a nós nem aos outros, não damos valor nem à própria vida!
Portanto, de fato elegemos um sujeito e um projeto de país que é nosso próprio reflexo como sociedade. Nas palavras do historiador David Duke, ligado à organização supremacista estadunidense Ku Klux Klan, o nosso futuro chefe da nação soa como um deles, estadunidenses; mas isso porque ele não conhece a nossa sociedade brasileira; se conhecesse, então saberia que suas palavras também fazem muito sentido por aqui, pois ele soa, muito mais, como um de nós!


Publicado no dia 31 de outubro de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/ele-soa-como-n%C3%B3s-1.2104708

Nova Faixa Velha


A nova e ampliada Faixa Velha de Camobi se parece com um território sem lei! Transito nesse trecho da RS 509 há exatos 25 anos, desde antes dela apresentar os congestionamentos nos horários de maior fluxo, e não era assim. Agora, depois parcialmente duplicada, tenho notado que a velocidade dos carros parece sem controle e sem fiscalização.
Do ponto de vista do volume de tráfego, a duplicação da Faixa Velha já chega com um atraso de mais de uma década. A obra segue aos trancos, semi pronta em alguns trechos, totalmente parada em outros tantos e considerada finalizada em outros. Em quaisquer dos casos há pouquíssima sinalização, orientação para motoristas, sobretudo os de fora, e muita, muita ausência de fiscalização das regras de trânsito.
Na altura do Pé de Plátano, por exemplo, em qualquer um dos sentidos, a velocidade dos carros é inacreditável! A sensação que se tem é de estar completamente errado ao respeitar a velocidade limite para a via. Há no trecho uma placa de sinalização de 30 km/h.. Ela é inútil e apenas figurativa. Está ali como um monumento à nossa própria estupidez. Se alguém transitar por esse trecho nesta velocidade corre o risco de ser xingado ou ser achacado por uma disfonia de buzinas.
As faixas de segurança são outro problema. Foram pintadas há um tempo e já estão se apagando. Qualquer motorista que quiser cumprir a lei ou mesmo ser educado com os pedestres, parando antes das faixas, sabe do perigo que corre de sofrer uma colisão traseira, que não será um acidente, mas deliberadamente um crime.
Convém lembrar das dificuldades com que trabalha o Batalhão de Polícia Rodoviária que fiscaliza este trecho da rodovia. Equipamentos precários, salários defasados e parcelados, pouco contingente e poucas viaturas para tantos problemas, são valentes que realizam o melhor trabalho que conseguem.
Diante de tudo isso, do risco de trafegar em trechos tão arriscados, mal sinalizados, com pouca ou nenhuma fiscalização resta o temor de sofrer um acidente ou ser vítima de um crime de trânsito. O resultado é uma nova Faixa Velha parecendo-se com um território sem nenhum controle, cujo maior valor é permitir que se ande em alta velocidade, mas nenhuma segurança.


Publicado no dia 21 de fevereiro de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/nova-faixa-velha-1.2047710

Nos faltará inspiração


Viver sem conhecer o passado, é como caminhar no escuro. O passado pode servir como aprendizado, como exemplo e acima de tudo como inspiração. Aos lugares de inspiração os gregos denominavam mouseion, o “templo das musas”, mesma etimologia dos vocábulos música e museu, ou seja, aquilo que nos inspira.
Um museu não é um lugar de velharias nem um amontoado de coisas antigas, sem uso ou sem utilidade. Museu não é lugar de esquecimento, daquilo que não existe mais, do que não é importante. Ao contrário disso, um museu é justamente um lugar de preservação e culto daquilo que é mais precioso em uma sociedade. Sua história, suas memórias, seus registros científicos e tecnológicos, arqueológicos, etnográficos e artísticos. Sem eles nos faltará inspiração!
O incêndio do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, é a consequência mais evidente do nosso descaso com tudo aquilo que é patrimônio nosso. Temos dilapidado nosso patrimônio econômico, privatizando nossas empresas públicas; nosso patrimônio humano, terceirizando as relações de trabalho; e nosso patrimônio político público, retirando cada vez mais da esfera pública, as ruas, o embate político.
De tudo que vimos queimar ali, o crânio do fóssil humano mais antigo das Américas; cirurgicamente de uma mulher, Luzia, a verdadeira musa de templo em chamas; é a imagem mais nítida do que somos como sociedade. Ela era a chave mais preciosa para explicar nossas origens, nosso berço africano e sua diáspora pelo Planeta. Certamente sem ela, e o que ela simbolizava, nos faltará inspiração!
Momento trágico, sombrio e revelador. O que ardeu em chamas não foi somente o patrimônio histórico brasileiro, mas a nossa própria inspiração. Não foram somente 200 anos de história ou 20 milhões de peças que queimaram, mas a consciência histórica de 200 milhões de brasileiros. A uma sociedade que queima seus museus, apaga seu passado, só restará caminhar no escuro, reverenciando falsos mitos e heróis inglórios. É o que nos caberá, certamente por falta de inspiração.


Publicado no dia 05 de setembro de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/nos-faltar%C3%A1-inspira%C3%A7%C3%A3o-1.2092436

Direita sem vergonha


Uma sociedade avança em cidadania à medida em que assume claramente sólidos referenciais políticos que serão os mediadores para a vida coletiva. Mas isso é algo raro nas jovens democracias que passaram por processos de dominação. Eu mesmo sou de um tempo, anos setenta, em que as posições políticas à direita tinham vergonha de afirmar-se como direita; no máximo, afirmavam-se como moderados, ao centro.
No Brasil, ao final das duas décadas de ditadura militar empresarial, os posicionamentos políticos que apoiavam e davam sustentação moral àquele governo identificavam-se com princípios muito parecidos com os das sociais democracias europeias, negando-se como direita. Para usar uma expressão do jornalista Elio Gaspari, era uma direita “envergonhada” daquilo mesmo que defendia e praticava.
Depois de lá voltamos a flertar com a democracia e assistimos ao crescimento do partido político que elegeu duas vezes, democraticamente, em primeiro turno, um presidente da república. Era um partido nitidamente à direita, afeito às privatizações e às políticas neoliberais, mas que, inversamente, afirmava-se ao centro do espectro político. Era, portanto, uma direita também envergonhada de afirmar pública e abertamente os princípios que defendia.
Na última terça-feira, 20 de março, ao acompanhar a visita do ex-presidente Lula à UFSM, notei algo histórico e inédito no Brasil desde a “Marcha pela Liberdade”, de 1964, defendendo os militares e setores conservadores da sociedade. Ao assistir à grande mobilização, contrária à visita, em frente a Reitoria da Universidade, percebi que direita, mais uma vez, saiu do armário; e perdeu novamente a vergonha de afirmar-se como direita.
É lamentável, no entanto, que o faça, em grande número, promovendo milícias armadas ou apoiando um candidato tão abjeto, xenófobo, misógino, homofóbico e truculento. Viveremos, por tudo isso, um ano político eleitoral tenso. A esquerda bastante tímida e assustada, embora sólida e combativa; contra uma direita eufórica e entusiasmada, e, sobretudo, mais sem vergonha do que nunca de afirmar-se como tal.


Publicado no dia 21 de março de 2018 no Jornal Diário de Santa Maria
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/direita-sem-vergonha-1.2055967

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Patriotas ou patrioteiros?

Por duas vezes, na história do nosso país, assistimos à falsa construção de um inimigo perigoso, sempre com a finalidade de entregar as riquezas nacionais a interesses do grande capital. A primeira delas, o governo Getúlio forjou a ameaça comunista para justificar seu golpe de Estado; na segunda, os militares mais conservadores e entreguistas lideraram uma tomada de poder fundando seu discurso na mesma justificativa. Hoje passamos por um processo muito parecido, com a mesma retórica e a mesma finalidade, a de proteger a pátria, dos comunistas.
Segundo o jornalista Breno Altman, o crescimento da narrativa anticomunista já cresce desde alguns anos, é um problema estrutural da periferia do capital. As relações de trabalho nesses países estão assentadas numa brutal superexploração do trabalho. São sociedades que se construíram na base da escravidão e na pressão gigantesca contra o povo. As burguesias enriqueceram pagando salários baixíssimos, quase nenhum direito social, e com alta isenção fiscal e de impostos. Não suportam o discurso que as denuncia. Reagem com um discurso  fortemente reacionário, que explicitamente demonstra a dificuldade delas em conviver com os direitos dos trabalhadores e com a democracia.
A demonização agora escora-se sobre um partido. Quando ele surge, mesmo sem ser revolucionário ou radical; e propõe aumento progressivo de salário, em especial o salário mínimo; expande direitos sociais, serviços públicos, e vai melhorando as condições de vida de grandes massas do povo, ele ameaça medularmente essas elites.  Surge também criando barreiras à super-exploração do trabalho, a exemplo da lei do trabalho doméstico no Brasil. As elites deste país não suportam essas reformas, as veem como ameaçadoras. Elas podem até mesmo tolerá-las por um tempo, enquanto encontram alguma compensação, mas quando vem uma crise e essas compensações deixam de existir, as burguesias querem liquidar governos reformistas desse tipo, para que possam voltar à selvageria.

Nessas situações precisam criar uma imagem demoníaca desses governos. Elas recorrem então ao imaginário que elas próprias criaram no passado, que é taxar esses governos de comunistas, de corruptos e inimigos da pátria, Elas recorrem ao seu velho arsenal! Quem defende tudo isso, no entanto, não é nacionalista ou patriota, mas um entreguista patrioteiro. Patriota é defender, de fato, a soberania do povo, a valorização do trabalho, um país ativo e altivo e não uma sociedade explorada, genuflexa e subjugada aos interesses internacionais.

Publicado no Jornal Diário de Santa Maria em 28 de novembro de 2018
https://diariosm.com.br/colunistas/sociedade/patriotas-ou-patrioteiros-1.2110176