No
dia 21 de abril de 1993, 67 milhões de eleitores brasileiros votaram para
determinar qual seria a forma e o sistema de governo do país a partir dali.
Naquele dia escolhemos a República como forma de governo, derrotando a
Monarquia por mais de dois terços dos eleitores; e a o presidencialismo como
sistema de organizar o poder republicano, derrotando o modelo parlamentarista com
pouco mais da metade dos votos. Eu, na época, julgava ser uma república
parlamentarista, a forma e o sistema de governo mais coerente para o país.
O
parlamentarismo é representado pelo parlamento nacional; os poderes executivo e
legislativo são, portanto, interligados nesse sistema de governo. Em um sistema
parlamentarista, o chefe de Estado é normalmente uma pessoa diferente do chefe
de governo. Já o presidencialismo, é um sistema de governo onde um chefe de
governo exerce também a função de chefe de Estado e lidera o poder executivo,
que é separado do poder legislativo. Temos neste último a figura da presidência
da república.
Em
nossa história, já então havíamos vivido todas as experiências sobre as quais
estávamos deliberando naquele plebiscito. Fomos uma monarquia, éramos uma
república; vivemos breves períodos de parlamentarismo, éramos
presidencialistas. Pensávamos saber, portanto, na época, qual era a melhor
escolha a fazer. Talvez não seja isso que tenhamos feito.
Hoje,
23 anos depois daquela inédita experiência de exercício da democracia, penso
ter revisto meu ponto de vista. Diante do espetáculo dantesco, proporcionado
pelo nosso Congresso no último domingo, protagonizado por uma miríade de deputados
idiotas, fanáticos, mal-intencionados, à exceção de raríssimos representantes, percebo
que o melhor foi mesmo não termos optado pelo parlamentarismo. Se o tivéssemos
feito, seria esta Câmara, de representação lamentável, em vez do voto direto da
população, quem escolheria aqueles que governam nossa vida política. Estaríamos
desesperadamente ainda mais reféns de um Congresso inepto, medíocre e irresponsável. Publicado no Jornal Diário de Santa Maria, Página 4 Opinião, em 21 de abril de 2016.
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