Desde a reforma universitária de 1997, levada a cabo
pelo então Ministro Paulo Renato de Souza, tivemos no Brasil a liberação quase
total do Ensino Superior como mais um nicho de negócios do capital. Desde então
tem-se constituído no Brasil uma série de instituições que tratam da educação
superior, como se ela fosse um grande negócio. Os índices mais recentes apontam
que uma em cada dez matrículas no ensino superior está vinculada ao setor
privado.
Em 2013 formou-se no Brasil o maior conglomerado do
setor da educação privada do mundo. A fusão dos dois maiores grupos de educação
atuantes no país resulta para eles um faturamento anual de 4,3 bilhões de reais,
pagos pelos seus um milhão de alunos. Todos eles na expectativa de uma formação
melhor para o mercado de trabalho. Para os gestores, a expectativa é bem outra,
a educação transforma-se apenas em uma commoditie
que já pode, devido aos seus altíssimos índices de lucratividade, figurar entre
as ações negociadas no IBovespa, a bolsa de valores de São Paulo. Assim como as
maiores, outras instituições de menor expressão também buscam seu espaço no
mercado da educação privada.
Esse movimento devastador para o ensino superior de
qualidade, chancelado pelo próprio Estado, deu origem a toda esta série de pequenas
“universidades”, com suas unidades espalhadas em esquinas estratégicas dos
centros das cidades, malocadas em pólos de outras instituições de ensino e até
em shopping centers. Nestes lugares
os professores são barbaramente explorados, em condições de trabalho e emprego
extremamente precárias, onde os alunos recebem a formação que estes professores
precariados e ultra explorados lhes podem fornecer.
Ao tratar a educação como um negócio confunde-se
acesso com massificação. E este é um erro
político que nenhum governo pode cometer ou permitir. Desenvolver programas de
acesso ao ensino superior, por meio de bolsas ou financiamentos é muito válido,
porém estas estratégias não podem transformar a educação em mercadoria nem
substituir ou vir em detrimento de investimentos no ensino superior público,
gratuito e de qualidade.
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